segunda-feira, 30 de agosto de 2010

6h50



Corro e não consigo parar.

A vida vai e eu deixo-me levar pelos acontecimentos, deixo que ela me leve, e já não sou eu que corro na vida mas é a vida que corre comigo, é a vida que corre por mim.

Há pessoas que dos modos mais inesperados nos fazem parar, pessoas que nunca imaginámos em momentos que nunca adivinhámos

e a vida continua…

E na pausa existente, onde tudo pode acontecer, onde tudo pode mudar, onde a vida ganha vida, onde tudo fica mais perto estando longe, onde eu sou e sinto, onde me deixo levar pelo cansaço, onde a vida acontece e eu a deixo acontecer, onde luto no fracasso dia após dia, onde me deixo cair na esperança de ser agarrada, na esperança de ser salva, na esperança de ser observada, de ser vista e sentida…

e cai sobre mim uma lágrima guardada, uma lágrima talvez escondida, uma lágrima perdida no tempo.

Um comentário:

Ana Dionísio disse...

em tom de confissão, acreditando que isso é possível nestes meios modernos de partilha, também me caiu uma lágrima perdida...
Faz-me falta saber que tenho ao meu lado alguém que pensa como eu.

Sabes, tenho visto e falado com pessoas que nunca imaginei. E são tão diferentes, e vejo que têm qualquer coisa para me ensinar. Acredito que cada um que se cruza connosco tem isso, qualquer coisa a partilhar, nem que seja um sorriso.

Aconteceu-me passar por um rapaz que olhou para mim, e eu sem querer olhei para ele. Não sabíamos o nome do outro, não sabíamos quem éramos e o que fazíamos ali. E houve uma partilha mágica: um sorriso.
Sem nos conhecermos, partilhámos um sorriso.
E hoje em dia é tão raro isso que guardo esse momento com toda a força e carinho.
E sabes uma coisa fantástica? Cada vez que passo por essa mesma pessoa, continuo a sorrir-lhe e é-me sempre retribuído! continuamos a não falar, a não saber quem é o outro... mas não preciso disso.
Talvez a missão desta pessoa na minha vida é sorrir-me. E tão bela que é esta missão...